Artigo - A entrada de novos países no BRICS
- Liga de Comércio Internacional PUC-Rio
- 7 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
Por: Bárbara Preissler
O BRICS é um mecanismo internacional de cooperação entre países, onde o maior foco é a contribuição econômica junto ao desenvolvimento em concomitância, constituído por nações que demonstram as maiores taxas de crescimento recentes. O grupo é de enorme importância para a economia mundial e para a maior inclusão das economias em desenvolvimento no cenário internacional. No ano de 2024, seis novas economias nacionais emergentes foram convidadas a fazer parte do BRICS: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. O principal objetivo do BRICS é a cooperação constante entre os países para que juntos consigam avançar no desenvolvimento socioeconômico de seus territórios e assim assegurar o crescimento de suas respectivas economias.
O processamento da expansão com a escolha dos futuros novos membros aconteceu devido a negociações e meticulosas reuniões durante a cúpula de Joanesburgo. Em primeira instancia, o Brasil e índia não eram favoráveis a adesão de novos membros no grupo, pois se analisarmos bem a expansão do BRICS pode ter como consequência o aumento da influência geopolítica da China, o que não assegura uma melhora no comércio exterior brasileiro. Ambos os países insistiam para que, em vez de uma expansão acelerada do grupo, fosse adotado critérios para a entrada de novos membros a partir dos quais fosse feita a avaliação dos pedidos de adesão.
O movimento de expansão era publicamente liderado pela China e, em menor influência, pela Rússia, onde a relação desse Estados com países norte-americanos (principalmente o Estados Unidos) e grande parte da Europa Ocidental não são das melhores —relações conflitantes recentemente acaloradas em decorrência à guerra da Ucrânia e acusações de espionagem supostamente praticada pelos chineses (que Pequim nega) e entre outras razões. Entretanto essa iniciativa pode sim ter como objetivo diminuir o isolamento dos dois países em relação aos Estados Unidos e à Europa Ocidental. Pensando exclusivamente no Brasil pode-se concluir que uma das principais consequências da expansão acelerada do BRICS seria a perda da influência brasileira em relação a decisões do grupo, onde a ampliação do grupo não deveria ter impacto imediato na relação comercial entre os países.
Portanto, é importante ressaltarmos o dilema enfrentado pelo Brasil ao participar do BRICS, tendo em vista que a liderança atual compartilha da necessidade de melhorar a representatividade dos países do Sul Global, apoiando boa parte da agenda reformista proposta, o Brasil sempre seguiu uma linha diplomática de equilíbrio entre os diversos centros de poder no mundo, colocando-se como ponte entre os diferentes e priorizando conectar elos entre todos os países com uma articulação clara, otimista e lateral.
A entrada de novos países no BRICS também aumenta a visibilidade do bloco diante a questões internacionais e a expressão dos membros em negociações e acordos comerciais, com a entrada desses novos países o grupo passa a representar 40% do PIB mundial. A ascensão escalar da Arábia Saudita (que vinha sendo um dos países mais cotados para ingressar no BRICS) deixa o dado em evidência, tendo em vista que no ano de 2022 teve um grande crescimento econômico, com um aumento de 7.6% no PIB. O país assim como a Etiópia, tem um histórico comercial com a China e o fato de ser considerado um dos países mais ricos em reservas de petróleo no mundo o destaca entre os demais. Sendo assim, a dinâmica econômica entre esses países passa a ficar melhor, os países que entraram no grupo e os que já faziam parte passam a estreitar os laços comerciais, de certa forma a entrada de novos países nesse bloco econômico consequentemente proporciona uma melhor comunicação entre eles sendo assim a uma negociação comercial mais eficaz. O bloco também chama mais atenção internacional já que havia interesse de outros países para entrar no grupo, os Estados Unidos e o bloco europeu, durante muitos anos constantemente duvidaram da capacidade do grupo, por ser composto por várias nações diferente e de pouca influência, atualmente a percepção já é outra, tendo cerca de 20 países fitando se relacionar com o grupo.
Recentemente foi anunciado que os Bancos Centrais e Ministérios da Fazenda de cada país ficarão responsáveis por realizar estudos em busca da adoção de uma moeda de referência do BRICS para o comércio internacional, com essa medida as opções de pagamento irão aumentar e consequentemente diminuir as vulnerabilidades. Outro acordo foi para que o grupo siga em busca de uma reforma da governança global, especialmente em relação ao Conselho de Segurança da ONU. Sendo assim, nota-se que os projetos do BRICS e seus objetivos são imensos, multidimensionais e dependentes de inúmeras variáveis extremamente dinâmicas.
Bibliografia:
Mazui, Guilherme e Holanda, Rafael. G1 28 de agosto de 2023. O QUE MUDA COM A ENTRADA DE NOVOS PAISES NO BRICS, SEGUNDO ESPECIALISTAS, Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/08/26/o-que-muda-com-a-entrada-de-novos-paises-no-brics-segundo-especialistas.ghtml
Prazeres, Leandro. BBC, 23 agosto 2023. Expansão do Brics: bloco anuncia 6 novos membros, disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3gz5nzlny5oArábia Saudita lidera o crescimento económico até 2022 – ECO (sapo.pt)
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