Artigo - O crescente lugar das empresas no comércio internacional e a internacionalização de empresas

Por: Catalina Pestalardo

Fonte: USP - Empresa Júnior

A forte inserção das empresas e do âmbito privado no comércio internacional tem-se destacado consideravelmente nos últimos tempos. Esse crescimento tem sido acompanhado da crescente expansão do setor do comércio exterior e da globalização e interconexão de economias globais, dessa maneira, o poder de decisão e a influência exercida por atores privados têm marcado uma certa tendência na área.

De acordo com dados recentes publicados pela Secretaria de Comércio Exterior, o Brasil apresentou um total de 27.956 empresas exportadoras no ano referente a 2022, que, em comparação ao ano de 2013 apresentou um nítido aumento. Vale ressaltar que dentro dessa totalidade de empresas destacadas, existe uma certa diversidade no cenário exportador brasileiro, uma vez que participam empresas tanto dos segmentos de grande e médio porte, quanto pequenos negócios.

Além disso, pode-se afirmar que a exploração e busca por novos mercados, por parte dessas empresas, gera inúmeros benefícios, tanto para sua estrutura interna, quanto externa. Diante desse cenário, de acordo com estudos do SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior) alguns deles incluem: o aumento da produtividade, já que a partir do momento que as empresas começam suas exportações, suas produções devem aumentar qualitativamente e numericamente, devido ao foco que deve ser dado aos produtos exportados, aumentando, concomitantemente, a sua capacidade de negociação para a compra de matéria-prima, consequentemente, barateando o custo desses produtos e aumentando a sua capacidade lucrativa, além disso, acaba havendo uma melhoria na qualidade dos produtos, visto que as empresas devem aperfeiçoar e adaptar a qualidade do insumo ao mercado onde vai ser inserido.

Outro benefício seria a melhoria da empresa, como um todo, considerando que, a partir do momento que uma certa empresa passa a exportar produtos, sua imagem no mercado global transforma-se completamente, passando a ser vista como uma referência pela concorrência e seus produtos passam a ser reconhecidos como produtos de qualidade. Finalmente, outro ponto positivo é a diversificação dos mercados daquela empresa, uma vez que, parte de sua produção acabará voltando-se para o mercado interno e outra parte será voltada para o mercado externo, permitindo, dessa maneira, com que a empresa não torne-se dependente de um mercado específico, diminuindo os riscos de perda de clientes e de lucro.

Nesse contexto, um ótimo exemplo de empresa que obteve forte sucesso com a expansão global de sua produção e comércio é a empresa automobilística chinesa, BYD, que, nos dias atuais, está presente nos seis continentes e supera o número de 600 mil funcionários, sua expansão não só global, mas também dentro do Brasil foi exponencial, levando em consideração que sua atuação, dentro do território brasileiro teve início na fabricação de chassi de ônibus elétricos, a partir de novas tecnologias previamente implementadas na China, em uma pequena fábrica em Campinas (SP).

Pode-se afirmar, também, que a participação do setor privado na tomada de decisões e nos diferentes acordos relacionados ao comércio exterior vem aumentando notavelmente. Assim, deve-se mencionar o recente evento, que tratava sobre o Portal Único Siscomex e o avanço das importações em solo brasileiro, no qual diversas empresas participaram e debateram a questão dos impactos dessas crescentes importações no mercado nacional. Além dos debates voltados para discussões relacionadas às exportações e importações, o evento também contou com diversas palestras e debates sobre a inserção de novas tecnologias na área do comércio internacional e a implementação de novas inteligências de negócios, que permitiria o acesso mais imediato e efetivo a certas bases de dados e informações referentes ao âmbito do comércio exterior.

Outrossim, dentro da área de comércio internacional, a internacionalização de empresas tem-se expandido cada vez mais, uma vez que apresenta amplos benefícios para diversos negócios. Esse processo inclui a iniciação de operações corporativas em outros países, que pode ocorrer de duas maneiras diferentes, por um lado a empresa pode simplesmente exportar um certo produto para um país próximo ou, por outro lado, a empresa pode instalar-se, ou seja, estabelecer sua produção e outras regiões.

A internacionalização de empresas apresenta diversos benefícios, motivo pelo qual existe um crescente número de empresas procurando estabelecer-se em novos mercados, alguns de seus pontos positivos são: o alcance de novos mercados, a aquisição de know-how de parceiros, a diversificação dos riscos da empresa, a redução da carga tributária, a construção e consolidação de uma marca global, a promoção de uma nova organização nas diferentes áreas da empresa e a inovação constante, por exemplo. Todos esses fatores permitem com que empresas vejam-se mais incentivadas a adentrar um novo mercado e explorar suas oportunidades de expansão.

Ademais dos benefícios apresentados pela internacionalização de empresas, existem também certas estratégias que podem ser tomadas para melhorar o desempenho de uma certa empresa no mercado global algumas das principais são a exportação, ou seja, a produção de itens variados no Brasil, para serem exportados a outros países, essa estratégia é uma das que possui uma complexidade logística menor, além disso, existe o "franchising", através do qual as empresas podem explorar um certo produto, a partir de uma estratégia já montada e, assim, levá-lo a outro país, a "Joint Venture", também destaca-se como uma técnica utilizada por negócios, na qual duas empresas unem-se através de um contrato, com o objetivo de desenvolver uma atividade no exterior, por um determinado período de tempo, e, finalmente, o investimento direto, no qual acaba havendo um certo investimento feito diretamente a outra empresa já existente em outro país.

Essas estratégias permitem um melhor desenvolvimento das atividades produtivas por parte das empresas e uma melhor chance de sucesso nessas novas economias. Ainda, pode-se dizer que mesmo com todas essas estratégias sendo efetivas, a digitalização dos negócios tem-se tornado essencial para o sucesso de qualquer processo e, até mesmo, mandatória para a manutenção da competitividade, visto que permite com  que a empresa obtenha uma maior mobilidade e um maior alcance, já que o mundo está completamente interconectado através da tecnologia, na atualidade. Dessa forma, não pode-se negar que a digitalização é uma das estratégias de internacionalização mais proeminentes, facilitando a interação com profissionais e marcas estrangeiras.

Hoje em dia, a internacionalização de empresas está presente em grande parte de nosso cotidiano, alguns dos exemplos mais famosos são a popularização e expansão do mercado da marca "Havaianas", levando em consideração que é possível encontrar uma franquia da marca em, praticamente, qualquer parte do globo, outro ótimo exemplo é o da marca "Embraer", uma marca fabricante de aeronaves brasileiras, que hoje exporta aproximadamente 90% de sua produção e seus produto são comercializados em mais de 60 locais.

De qualquer maneira, não pode-se esquecer o fato de que o processo da internacionalização de empresas apresenta, também, certos desafios, já que existem certos obstáculos a serem ultrapassados pelas empresas ao adentrar mercados estrangeiros, alguns dos mais comuns são: as barreiras regulatórias e legais, pois cada país possui suas próprias regulamentações, que podem incluir impostos, importação e exportação e muitos outros fatores; as diferenças culturais, principalmente, àquelas referentes aos valores e, até mesmo, às preferências do consumidor; as barreiras linguísticas, pois pode acabar dificultando a comunicação com os consumidores, funcionários, parceiros e muitos mais; as flutuações cambiais, ou seja as variações nas taxas de câmbio; a gestão de riscos, que envolve aspectos geopolíticos, econômicos e sociais.

Logo, pode-se afirmar que, mesmo com certos obstáculos a serem ultrapassados, a internacionalização de empresas apresenta muitos mais benefícios do que, de fato, dificuldades. O essencial nesse processo é o constante aprendizado por parte dessas empresas a respeito das variáveis tendências e demandas daquele lugar onde estão estabelecidas, mas além disso é precisa uma certa orientação estratégica para o negócio, por isso diz-se que a logística e estratégia das empresas serão fundamentais no seu estabelecimento e no seu sucesso, independentemente, das adversidades. Nesse sentido, outro fator que auxilia, muitas vezes, as empresas nesse processo da exploração de novos mercados é o apoio de agências governamentais e organizações que fomentam as exportações para enfrentar esses obstáculos.

Dessa maneira, pode-se perceber que o papel do âmbito privado e das empresas como um todo no comércio internacional tem aumentado, visto que consultas sobre os mais diversos assuntos têm sido direcionados a esses atores do comércio exterior. Recentemente, por exemplo, o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) realizou uma consulta pública, com o objetivo de compreender a relação, vista por eles, entre as negociações envolvidas no comércio internacional e o desenvolvimento sustentável, uma vez que a questão da preservação do meio ambiente tem preocupado grande parte dos atores do comércio exterior.

Assim, pode-se concluir que a constante ampliação do lugar das empresas no comércio internacional tem feito com que esses atores participem e influenciem cada vez mais os debates e as agendas da área, apresentando ainda mais oportunidades e espaços para o comércio exterior ampliar-se, dessa forma a participação do âmbito privado é fundamental.   

Bibliografia:

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